Objetivos
- Conhecer a estética da produção musical moderna e contemporânea.
- Ampliar o repertório e o conceito de música.
- Desenvolver a autonomia para a composição musical.
Conteúdos
- Apreciação, reflexão e composição musical.
- Procedimentos técnicos e estéticos da música de acaso de John Cage (1912-1992).
Anos
6°ao 9°.
Tempo estimado Oito aulas.
Material necessário
Computador, aparelho de som, músicas variadas, instrumentos musicais diversos, como flauta doce, xilofone, metalofone, escaleta, tambor, agogô, chocalho, e jogos, como dominó, roleta, bingo e dados. Obras Imaginary Landscape Nº 4 (for 12 Radios), Suite for Toy Piano e Sonata V, de John Cage. Flexibilização Para trabalhar a percepção musical, o ritmo e as noções de composição com alunos surdos vale aproveitar elementos visuais e a expressão corporal. Mesmo que não possa ouvir, o aluno com deficiência auditiva poderá, assim como os demais, significar a palavra música. Explique a ele o conceito de música aleatória e contextualize a obra de John Cage. Caso o aluno não consiga fazer a leitura orofacial, utilize esquemas escritos ou um intérprete de libras. Estimule que o aluno com surdez produza, junto dos colegas, ritmos com o próprio corpo ao longo dos jogos de memória, do bingo e das atividades de composição. Ele pode "batucar" partes do corpo, levantar-se para exprimir um som alto ou abaixar-se para ilustrar um som baixo, por exemplo. Enquanto o aluno produz esses ritmos, os colegas podem transferir as indicações corporais para instrumentos musicais. Uma alternativa é posicionar o aluno surdo próximo das caixas de som ou de instrumentos percussivos para que ele perceba as vibrações sonoras. Durante a gravação das composições da turma é importante que ele visualize as barras de áudio que aparecem na tela do computador, quando da utilização de softwares de gravação.
Desenvolvimento 1ª etapa
Pergunte aos alunos o que é música e peça que elaborem uma frase que sintetize o significado, contemplando os diversos estilos. Registre as definições e contraponha as frases mais restritivas com exemplos musicais a fim de propor reflexões reformuladas do conceito.
2ª etapa
Apresente à garotoada o compositor norte-americano John Cage e convide a turma a apreciar a Suite for Toy Piano e a Sonata V. Comente a estética das peças, como a peculiaridade do som do piano de brinquedo na suíte e do som do instrumento preparado com parafusos e pregadores na sonata. Ouça as impressões dos alunos. Em seguida, divida-os em grupos e instigue-os a explorar os sons inusitados que os instrumentos podem produzir, com o acréscimo de outros objetos ou se tocados de uma maneira não convencional. Socialize as descobertas. 3ª etapa
Apresente o conceito de acaso na música de John Cage com Imaginary Landscape Nº 4 (for 12 Radios). Ela é composta de 12 rádios ligados ao mesmo tempo, manipulados por 12 intérpretes e um maestro, com comandos de volume e de troca de estação definidos pelo compositor. Identifique os elementos de acaso e as infinitas possibilidades de sons que poderiam soar nos rádios no momento do concerto.
4ª etapa
Revele ao grupo a possibilidade de fazer o mesmo utilizando um jogo da memória e instrumentos musicais. Crie algumas sequências de sons curtas e defina uma carta para cada uma. Embaralhe as peças e convide um aluno para organizar as figuras em pares, respeitando a ordem em que aparecem. Proponha que toquem a música com base na sequência sorteada. Repita o procedimento para comparar os resultados.
5ª etapaÉ hora de a turma criar as próprias sequências de sons para compor outras músicas. Deixe que todos escolham o procedimento de acaso, disponibilizando os outros jogos indicados. Por exemplo: o bingo pode ser utilizado para definir aspectos sonoros da criação. Com o sorteio de números pares, se escolhem uma nota aguda para acrescentar à melodia e, a cada ímpar, uma grave, ou vice-versa. Destaque a importância de registrar a sequência de sons para que no fim da criação as produções sejam apresentadas para a classe.
6ª etapaOrganize uma sessão de gravação das obras elaboradas na etapa anterior. Recomende aos estudantes que retomem os registros. Grave o material e disponibilize-o num blog.
Avaliação
Observe a expressividade e o engajamento da garotada durante a experimentação dos sons. Como cada aluno participou das várias etapas do processo de criação e da organização das ideias musicais e dos procedimentos de acaso? Reúna o grupo para a apreciação das obras gravadas e retome a questão inicial (o que é música?), comparando as respostas com as formuladas na primeira etapa. Por fim, peça que todos registrem suas impressões sobre a experiência de composição, adicionando comentários no blog.
Consultoria: Áudrea da Costa Martins
Mestre em Educação e professora da EMEF São João Batista, em São Leopoldo, RS.
Em arte, uma das competências que os alunos têm de desenvolver é compor. Para isso, é preciso trabalhar vários aspectos, como apreciação e reflexão.
(CRIADORES APURADOS Na EMEF São João Batista, os alunos aprenderam todas as etapas da composição. Fotos: Tamires Kopp)
Até 1824, a palavra sinfonia indicava uma peça musical executada com um conjunto de instrumentos. Essa definição restrita poderia ter perdurado anos se não fosse Ludwig van Beethoven (1770-1827), o compositor alemão que estarreceu o público com a Sinfonia Nº 9 em Ré Menor. A ela, ele incorporou um coral de vozes, algo inédito nesse tipo de peça clássica. Ao inserir o elemento, questionou o conceito de sinfonia e revelou que sua forma de compor estava intrinsecamente ligada à reflexão das fronteiras estabelecidas até então para a música. Em outras palavras, Beethoven ampliou o conceito musical que a humanidade tinha, deixando claro que é possível pensar criativamente sem seguir padrões. Explorar essa ideia com as turmas de 5ª e 6ª séries da EMEF São João Batista, em São Leopoldo, a 40 quilômetros de Porto Alegre, foi o principal objetivo do projeto de Áudrea da Costa Martins .
Ela desafiou a garotada a criar suas próprias composições, considerando que a produção em sala, tal como fazer pinturas, é a etapa que, juntamente com a apreciação e a reflexão, faz parte do tripé de ensino da área de Arte. Áudrea fez por merecer o título de Educadora Nota 10 do Prêmio Victor Civita de 2009 porque impulsionou os estudantes a questionar o que é música, refletir sobre sua linguagem e experimentar possibilidades ao agir como compositores. "A maioria dos professores se atém às atividades de apreciação e reprodução", diz Paulo Nin Ferreira, coordenador da área de Arte do Colégio I. L. Peretz, na capital paulista, e selecionador do Prêmio.
Definir o que é música não é algo simples. Além de ter um conceito amplo, trata-se de um elemento tão presente no cotidiano das pessoas que suas opiniões são moldadas com base em gostos e, o que é diferente, pode ser tratado de forma preconceituosa. Saber o que o grupo pensa a esse respeito é um ponto importante a ser dissecado, principalmente para decidir os rumos do trabalho
Áudrea, por exemplo, percebeu que algumas definições dadas pelos alunos, como "música tem de ter ritmo definido", eram referentes aos padrões de experiências sonoras que eles tinham, o que os fazia desconsiderar uma série de outras composições.
Apreciar e refletir para saber como pensar musicalmente
( INÍCIO INTELIGENTE Investigar e questionar o que a turma considera música é a base para um trabalho consistente.)
A apreciação musical pode ser usada em sala não só para enriquecer o repertório da garotada. Atividades dessa natureza também são úteis para revelar que existem maneiras diversas de organizar os sons e usar os instrumentos e que um compositor pode manipulá-los de acordo com a sua intencionalidade.
Nessa perspectiva, a seleção musical tem de contemplar diversas categorias (como música eletrônica, erudita, concreta e aleatória) e estilos musicais (como pop, rock, jazz, funk, soul e blues) e priorizar o que os alunos não estão acostumados a ouvir. É uma maneira inteligente de apresentar novos parâmetros para que eles façam releituras e selecionem ou modifiquem suas ideias musicais para também podê-las usar em suas composições. Áudrea investiu em músicas classificadas como aleatórias, da categoria erudita contemporânea, para mostrar ao grupo que, nesse caso, nem todos os elementos são controlados pelo próprio compositor.
(SENTINDO OS SONS Explorar variados instrumentos é um meio necessário para entender a linguagem.)
Com o repetório ampliado, a atividade de composição se torna, naturalmente, um passo possível e necessário. Ainda assim, é normal que os alunos sem habilidades técnicas em instrumentos se sintam acanhados na hora de compor. O mesmo se aplica aos educadores.
A boa notícia é que é possível dar conta do trabalho com criatividade mesmo sem esses conhecimentos. Basta pensar que os sons não precisam se restringir às notas tiradas de instrumentos. Em vez disso, pode-se propor aos estudantes que coletem sons, como o de uma flauta soprada sem que os dedos estejam posicionados sobre os orifícios e os ruídos do ambiente (a batida de uma porta, por exemplo). Com isso, o conceito de música é ampliado e, por causa da apreciação e reflexão prévias, as crianças já saberão que compor vai muito além das formas tradicionais com que normalmente temos contato e se sentirão muito mais livres.
Composição com propriedade
(VIVA A MÚSICA Experimentar, apreciar e refletir sobre a música foi o foco do trabalho desenvolvido por Áudrea.)
Mestra em Educação com pesquisa em Educação Musical, Áudrea da Costa Martins, 35 anos, professora na EMEF São João Batista, em São Leopoldo, sabe que refletir sobre a prática cotidiana faz toda a diferença na sala de aula. Para ensinar música de verdade na escola, pesquisou como se dá o processo de composição de crianças e jovens e quais as ferramentas necessárias para que eles tenham condições reais de criar com autonomia e criatividade.
Objetivo
A educadora queria que os estudantes de 5º e 6ª séries ampliassem o conceito que tinham de música e o repertório a fim de que pudessem ter o embasamento necessário para compor livres de preconceitos. Áudrea também pretendia que eles percebessem que uma composição vai além do que é veiculado pela mídia e que fizessem releituras, explorando novas ideias.
Passo a passo A preocupação inicial de Áudrea foi descobrir o que os estudantes entendiam por música. Com base nas respostas, a professora problematizou o assunto, questionando as definições dadas por eles, e propôs que compusessem, tal como fazem os profissionais. Apresentou obras contemporâneas para a apreciação e reflexão, propôs releituras e a exploração de instrumentos musicais de maneira incomum para que os alunos percebessem que sons diferentes também podem originar músicas. Para fazer com que a turma criasse de verdade, ensinou como lidar com um software livre de edição sonora. No encerramento do projeto, um compositor local foi convidado a desenvolver uma música com os estudantes e o resultado foi apresentado para a comunidade escolar.
Avaliação
Depois de cada apreciação, Áudrea pedia aos alunos que escrevessem no caderno suas reflexões sobre as músicas. Ela analisou se eles conseguiam identificar os instrumentos utilizados, de que forma o ritmo mudava, as sensações provocadas e se tinham posturas críticas em relação às obras. Ela filmou todo o processo de composição realizado pelo grupo, analisando as criações sem deixar de considerar o percurso e a evolução da garotada. Os próprios estudantes também avaliaram o material tendo alguns critérios, como a variação de ritmo dentro da música, a intencionalidade dos autores ao produzi-la e a variedade de ideias usadas para organizar as composições.
A intencionalidade é a premissa para compor
(ESCUTA ATENTA Ouvir estilos diferentes e aprender sobre os padrões musicais é uma tarefa essencial.)
É consenso entre os especialistas da área que ensinar a música na escola somente para que os alunos aprendam a tocar os instrumentos é um equívoco. É preciso enxergá-la como arte, dando importância às sensações que o autor quis provocar nas pessoas e as que elas sentiram. Então, é fundamental ajudar a turma a compreender que o processo de criação tem de ser intencional: o professor deve discutir e estabelecer temas para as composições juntamente com a garotada.
Se o escolhido envolver suspense, por exemplo, é importante que o grupo reflita respondendo a perguntas como "Os sons curtos dão a sensação de que algo está prestes a ocorrer?" e "O silêncio no meio da música pode provocar medo?". É essencial que o professor questione as justificativas para as escolhas e incentive os alunos a debatê-las coletivamente. No entanto, para avaliar as produções, ele jamais deve levar em consideração apenas a composição em si, como um produto isolado da aprendizagem.
O desenvolvimento do pensamento musical de cada estudante e o modo como ele se apropriou da linguagem são importantes. Afinal, a escola não tem de almejar a formação de músicos, mas livrar os alunos de entraves que os impeçam de sentir as melodias.
Esse site mostra uma orquestra, e é só passar o mouse sobre os instrumentos que quer ouvir, ou do lado superior esquerdo tem um lista separando-os por naipe. Intessante para crianças.
Pedro e o Lobo é uma história infantil contada através da música. Foi composta por Sergei Prokofiev em 1936 e tem o objetivo de mostrar as crianças alguns dos instrumentos da orquestra. Nesta versão, um pouco diferente da historia mais usual, temos o apoio visual em uma bela interpretação feita pela Disney.