segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Educação Musical: Série Pedagogias - Método Willems 3 Audição.

Educação Musical Willems

Carmen Mettig Rocha

Audição


Encontra-se comumente alunos de curso superior que ainda têm dificuldade em ouvir; seja pela deficiência de método empregado (que valoriza em excesso o cerebralismo) ou mesmo a não utilização de exercícios com material sonoro; o fato é que a deficiência existe.
No método Willems, o desenvolvimento auditivo tem um papel importante na educação musical. Esta preparação auditiva entretanto deve ser anterior ao estudo do instrumento ou mesmo a fase do solfejo e pode-se dizer que um trabalho auditivo preliminar constitui uma das bases essenciais da musicalidade, isto porque, ao mesmo tempo que favorece a compreensão de qualquer tipo de música, permite a toda criança (mesmo que se diga “sem ouvido” a um desenvolvimento progressivo até chegar ao estudo do solfejo).
Willems confirma em seus livros que o ouvido pode ser desenvolvido.Com isso ele distingue o órgão auditivo de sua função orgânica. Se o órgão na sua estrutura biológica não pode ser influenciado pela educação auditiva, a capacidade funcional entretanto pode evoluir em decorrência do exercício da audição. Logo, importante é saber que, pela educação nós podemos despertar e desenvolver o funcionamento do órgão auditivo.
Deve o professor poder descobrir os obstáculos que freqüentemente impedem o órgão auditivo de ser receptivo às impressões. Aprender a escutar significa aprender a receber as impressões externas.

Para Willems a audição embora seja uma atividade sintética, também se realiza em três domínios diferentes:

• A sensorialidade auditiva
• A sensibilidade afetiva auditiva
• A inteligência auditiva

A primeira é a base material indispensável á arte musical. É a atitude do órgão para receber impressões (aspecto passivo,sensitivo). Desenvolve-se através de exercícios com vasto material sonoro.
A segunda inicia no momento que se passa do ato passivo de ouvir para o ativo, subjetivo de escutar. Um escutar com interesse, pois quando fixa a atenção, reforça-se conseqüentemente a acuidade dos membros acústicos. Neste domínio estão contidos todos os elementos de ordem melódica (audição relativa, intervalos melódicos, a escala, senso tonal etc.).
A terceira comporta elementos de ordem mental. É a síntese abstrata das experiências sensoriais e afetivas porque trabalha sobre seus dados.
A inteligência auditiva é o conhecimento do que se ouviu e escutou. Através dela é que se utiliza a leitura e escrita musicais para fixar e transmitir o pensamento sonoro.
Como já foi dito, os três domínios estão interligados, mas o professor deverá estar atento para saber em que proporções eles se apresentam.
Um bom musicista deve ter a audição (passiva, ativa, criadora) registrar fielmente os sons exteriores, reagir emotivamente e ser capaz de tomar consciência dos sons registrados.
Deve o professor adaptar os exercícios nos diferentes casos, como sejam: se se trata de aula individual, pequeno grupo ou grupo numeroso.
É necessário adquirir um vasto material sonoro para o desenvolvimento auditivo, e saber ordenar os exercícios por grau de dificuldade.
No trabalho auditivo trabalha-se: direção do som, distância, natureza das fontes sonoras, o silêncio, o espaço intratonal, a canção, a escala, escutar, reconhecer, reproduzir, emparelhar, classificar, ordenar, a subida e descida do som, improvisação, nome de notas, os graus etc.

A música sendo uma arte sonora, ela se direciona ao ouvido, à audição interior, por isso mesmo a atenção é indispensável ao trabalho. O maior objetivo do professor será fazer experimentar o som, desenvolvendo o interesse pelo que ouviu e o desejo de reproduzir, favorecer o cantar belas canções, apelar para a imaginação auditiva e despertar o desejo de criar, improvisar.


(Algumas considerações sobre o som)


O som é a matéria básica da arte musical. É um fenômeno fisiológico que acontece no ouvido interno.É difícil se precisar quando ele passa de vibração para som musical.Sabe-se entretanto que faz - se necessário o uso das faculdades humanas para ele se elevar ao plano musical.
Se a vibração é de ordem objetiva, o som musical é um fenômeno de ordem subjetiva. Para a vibração se tornar som musical é necessário ter a rapidez de 16 a 32 vibrações por segundo ser periódica regular e organizada.

O som possui qualidades principais e secundárias



Qualidades principais Qualidades secundárias
Altura Volume
Timbre Densidade
Intensidade Clareza etc.

Duração (mais de ordem rítmica)

A altura depende do comprimento da onda e de sua freqüência.
A intensidade depende da amplitude da onda.
O timbre depende da forma da onda.

Willems desde 1915 descobriu o triplo aspecto da audição e mais tarde, teorias científicas comprovaram que o nervo auditivo não vai diretamente ao cérebro; ele passa pelo bulbo (sede das ações reflexas) depois segue para o nível diencéfalo (sede das emoções) e somente mais tarde é que chega ao córtex cerebral (sede das reações intelectuais).
Isto serviu para comprovar cientificamente a teoria de Willems que no seu método encara a audição no seu triplo aspecto:

• Sensorial
• Afetivo
• Mental


Bibliografia:

Edgar Willems Oreille Musicale I
Oreille Musicale II
Cahier Pedagogique nº 3
Le Valeur Humaine D’ Education Musicale


Veja também as duas matérias anteriores - Método Willems 1 e 2.

Até breve...



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