quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Educação Musical: Série Ritmos Brasileiros: Cacuriá 1.

Retirado da apostila do Curso Modular do Guri Santa Marcelina.



CACURIÁ.


Contexto e História – Cacuriá é um conjunto de brincadeiras e danças ligadas aos festejos do Divino
Espírito Santo no Maranhão, surgidas na década de 1970. Foi Seu Lauro (Alauriano Campos de
Almeida, 1017-1993), festeiro do Divino e organizador de Bumba Boi e de Baião Cruzado quem
organizou essas brincadeiras e deu o nome ao Cacuriá.

No final da Festa do Divino Espírito Santo, após a chamada “derrubada do mastro”, as
caixeiras do carimbó costumam descansar. É neste momento que elas passam à porção profana da
festa, com o Cacuriá.

“Os Cacuriás se caracterizam como brincadeiras realizadas a partir de vários ritmos e jogos,
compondo assim uma suíte que engloba valsas, toques do Divino, carimbós, baiões e outros ritmos
musicais. Atualmente já se reconhece como toque do Cacuriá uma levada de caixa sincopada que
lembra outras brincadeiras populares do Maranhão, inclusive alguns “pontos”, canções dos terreiros
maranhenses.” (ROCHA, I. L. 1991)

Canto - A parte vocal é feita por versos improvisados, ou não, respondidos por um coro de
brincantes – é o canto responsivo (estrutura de verso e refrão). O cantor principal, ou puxador, é
quem habitualmente toca caixa. Ele “põe os versos” e conduz a brincadeira. As canções são
geralmente curtas, com poesia rimada.

Coreografia - A dança é feita em pares com formação em círculo, o "cordão", acompanhada por
instrumentos de percussão (caixas).

De acordo com Itaércio Rocha, “o corpo do brincante parte de um movimento básico de
um pisa-pisa como o de quem prepara o barro para a construção de casa de sapê. Em passos bem
miudinhos ele libera, em requebros, o quadril, provoca-se a situação em que a coluna toda se
envolve em ondas que sobem e descem, solta os braços e a cabeça em meneios e giros harmoniosos
e sensuais. Este jeito de organizar o movimento é o molejo a partir do qual o cacuriante desenvolve
sua dança. Neste molejo, com o tronco levemente projetado para frente, em pares ou solos, em
cordões ou rodas, ou, ainda, em conjuntos, os cacuriantes vão, de acordo com cada canção,
cantando e evoluindo no espaço em jogos de se juntar, afastar, abraçar, dar umbigadas, imitar
bichos e realizar ações propostas pelas letras das canções. Sempre brincando juntos ou como se diz
no Maranhão: bulindo um com outro alegremente; por isso, diz-se por lá que o Cacuriá é uma
brincadeira buliçosa, tanto no sentido de que o corpo do brincante se bole todo, movimenta-se por
inteiro ou bole com os outros, no sentido de mexer uns nos outros.[...] Em alguns momentos, os
cacuriantes provocam a assistência, como se chama no Maranhão a platéia das praças e ruas. Eles a
convidam para entrar na brincadeira o que geralmente cria uma grande excitação, pois a aceitação
ao convite é grande! Durante toda a brincadeira é comum o puxador estabelecer um diálogo
constante com a assistência e com os cacuriantes. Ele comenta sobre o que acontece na roda, faz
piada, manda recados, pede água ou outras quaisquer bebidas, o que enriquece cenicamente todo o
jogo.”

Instrumentos - Inicialmente, o Cacuriá era praticado unicamente com as caixas do Divino (pequenos
tambores), mas aos poucos foram sendo acrescentados outros instrumentos. Hoje, o
acompanhamento instrumental varia de grupo para grupo, podendo incluir cordas friccionadas
(violino, rabeca), cordas dedilhadas (contrabaixo, violões, cavaquinhos), sopros (flautas). Sanfonas
e outros instrumentos, conforme a disponibilidade e a presença de outros instrumentistas na
comunidade podem integrar o Cacuriá.

Figurino – Não há um padrão, cada comunidade cria o seu figurino. Geralmente, as mulheres usam
saias longas, rodadas e coloridas, que criam dinâmica e presença cênica no dançar/brincar.

Temas – Segundo Itaércio Rocha, “os jogos nos Cacuriás, na maioria das vezes, fazem uso de
figuras de animais como rolinha, gavião, periquito, beija-flor, guará, jacaré, jabuti, formiga, piaba,
mergulhão. Também é usual a presença de vegetais: bananeira, jussareira, cajueiro, milho, flor,
café, cana e ainda tantos outros temas ligados ao trabalho, como serrar, peneirar, cortar, varrer e
lavar, relativos aos contextos das comunidades que promovem as festas do Divino no Maranhão.

Nas brincadeiras, sempre está presente um conjunto de metáforas e ambivalências que juntam
questões como vida e morte, sagrado e profano, cultura e natureza.”

Atualmente, a representante mais conhecida do Cacuriá é Dona Teté do Cacuriá.

Dançarina de tambor de crioula e tiradora de rezas em procissões, Dona Teté trabalhou durante
muitos anos com Mestre Lauro. Tem um CD lançado em 2003: Cacuriá de Dona Teté.


ROCHA, Itaércio Lopes. Cacuriá: um baile de caixa no Rio. Ensaio monográfico apresentado para
término do curso de formação técnica em dança na Escola Angel Vianna. Rio, 1991.

Dicionário Cravo Albin de Música popular Brasileira http://www.dicionariompb.com.br/


CACURIÁ...

Retirado do site: http://www.dicionariompb.com.br/cacuria/dados-artisticos

Fonte: CD Cacuriá de D. Teté. Produção: Laborarte

Entrevista com D. Teté

O Cacuriá tem uma vertente na Festa do Divino Espírito Santo, pois ao fim da festa, em todas as casas, tem o carimbó das caixeiras. Assim, criou-se a dança do Cacuriá, cordão e roda, depois do término do festejo do Divino, para prolongar a brincadeira.


No carimbó, uns batem palmas, outros batem na caixa, formando um ritmo para começar a dança, para movimentar o corpo. Outros inventam versos para pedir bebidas ou elogiar as pessoas. A maioria dos participantes eram pessoas idosas. Levanta-se o mastro, tem a missa, tem o derrubamento do mastro, depois tem o carimbo de serrar o pau – serrando com um serrotizinho. A partir daí criou-se o Cacuriá.


Em 80, D. Teté foi para o Laborarte trabalhar numa peças de pastores. Lá, se tinha uma festa, ela batia a caixa e chamava as pessoas para dançar o Cacuriá.


Depois, Teté começou a ensinar a dança para as crianças, fazendo seus próprios versos, com a ajuda da neta. Finalmente, o Cacuriá como conhecemos hoje.


A ramificação do Cacuriá cresceu bastante e houveram inovações, quando foram acrescentados alguns outros elementos na dança.


Alguns elementos foram adicionados também ao ritmo, como o violão, a flauta e o banjo. Segundo, ela para ficar mais bonito.

OBS.: Não foi dado o significado do nome da brincadeira.

Fonte: D. Teté, folclorista, coordenadora do Cacuriá mais famoso do Estado, em entrevista à Rádio Universidade FM.

Veja a continuação desta postagem em: Cacuriá 2. videos....

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